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"Onde estou errando?"

  • Lucas Nogueira
  • 6 de jul. de 2015
  • 3 min de leitura

É muito comum. Pensamos que as coisas funcionam de um jeito, vamos lá e nos decepcionamos com o resultado. Muitas vezes culpamos os outros envolvidos ou as circunstâncias desfavoráveis, mas com o tempo nos damos conta de que algo a mais acontece. O delator é frequentemente um só, a repetição.

Repetimos o mesmo resultado desfavorável, como um relacionamento doloroso, uma sequência de fracassos anunciados, um desencontro constante com o êxito. E por falta de álibi nos damos conta de que o quê se repete em todas as cenas é a nossa presença.

Então partimos na árdua tarefa de procurar o erro, repetindo a fatídica pergunta que dá título à esse texto. Mas lá, onde nós deveriamos estar, onde procuramos um criminoso, só encontramos alguém respondendo lógicamente às demandas externas. Nos vemos, num primeiro momento, como um pessoa sendo coerente.

Não sentimos de maneira alguma que estamos realmente cometendo algum erro. Mas na pressão de melhorar a situação nos dispomos a mudar, mesmo sentindo que estamos certos.

Mudamos em nome do bem estar geral, nos dispomos a minimizar algum sentimento que esteja causando alguma discórdia ou confusão.

Mas essa mudança tem seu sucesso encurtado, por que não somos realmente convencidos de que ela faz sentido, e mantemos ela com um esforço tremendo. Nada realmente mudou, você só se dispõe a fazer diferente. Mas as disposições mudam com o tempo e pesam no longo prazo.

Mas enfim, como sair desse ciclo? Aonde se encontra o erro?

Bem, em resumo, na pergunta.

É errado exatamente se achar errando. Não somos tão distraídos ou ignorantes a ponto de não conseguirmos nos adaptar e corrigir um erro, quando não conseguimos deixar de repetir alguma coisa, mesmo ela não parecendo ser errada em primeiro lugar, é por que não nos damos conta do quanto estamos tentando acertar naquilo.

Eu explico: o "erro" é só uma consequência indesejada de uma série de ações que não só pretendia acertar, mas que por fim acerta sempre. Se não estivessemos acertando, não repetiriamos com tanta ênfase.

Num exemplo rápido, podemos nos dar conta um dia de que os relacionamentos amorosos que montamos estão recheados de desconfiança, e ainda assim os repetimos. Podemos nos dizer que o problema é o quanto o outro não transmite confiança, podemos até tentar simular que confiamos nele enquanto temos todos os motivos para o contrário. Mas nada se esclarece enquanto não percebermos que essa desconfiança vem acompanhada de um outro sentimento que se comprova a cada vez, como por exemplo a idéia de que se é superior ao outro. Sem perceber sentimos que é de extrema importância que o outro esteja em consenso com isso, de que somos superiores e melhores, e de certa forma, sucedemos, quando "comprovamos" que o outro realmente não tinha as qualidades suficientes para se manter do nosso lado. Nos damos conta aos poucos de que o outro não concorda com a gente, não defende o mesmo ideal que temos de nós mesmos, e então sentimos que essa pessoa não é de confiança, já que não consegue se ater à sua "palavra".

Nesse exemplo o erro, afastar as pessoas, ou atrair pessoas em que não se pode confiar, esconde um acerto, comprovar mais uma vez que somos bons demais para estar com qualquer pessoa.

Quando uma coisa se repete muito, não é devido à um erro, mas à um acerto. É esse acerto que devemos procurar. É ele que está inconsciente e passa invisível em todas aquelas repetições.

Claro que procurar o acerto não é simples nem fácil, ainda mais quando ele está encoberto por todas essas outras percepções. Mas saber o que se procura ja pode ser de grande ajuda e um bom profissional pode ser o ponto de virada nessa busca.


 
 
 

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